segunda-feira, 13 de julho de 2009

someone around you


[FOTO CRISTINA FERREIRA DA SILVA - STILL PHOTOGRAPHER]
Watch out the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday morning
Sunday morning
Sunday morning (REED, CALE)


BEM QUE PODERIA SER ESSA (TAMBÉM) A MÚSICA FINAL DE "UM RIO ENTRE NÓS".
MAS A EXTINTA BANDA INGLESA KITCHENS OF DISTINCTION CEDEU "SKIN"

quarta-feira, 8 de julho de 2009

REFLEXÃO DO BODE 40

De certa forma comecei tarde a dirigir meus filmes(fui agenciador e produtor de cinema e TV durante anos).Este ano, minha idade chegará a 42. O ideário geral de quem produz curtas está voltado para a figura do pós-adolescente precoce, cheio de idéias fervilhantes e contaminado por um ambiente acadêmico ou de grupo que, no calor intempestivo de uma tarde juvenil, reúne os amigos da mesma idade, rifa uma garrafa de uísque e faz seu curta ou - agora até em ousadia desconcertante e em apetrecho digital HD -já passa direto ao longa.

De outra forma, sinto-me um aprendiz. Cinema é mistério: mesmo que seu filme seja todo em grandes angulares, o que mais chega ao espectador é o íntimo do roteirista e do diretor, sua visão de mundo, seu grau de emoção, sua ignorância, sua piração, seus vacilos, sua xaropada, sua genialidade peculiar. Acrescente-se aí um certo virtuosismo sintético de hoje em dia, produzido em série mas fácilmente identificado.

Num ótimo texto de Luiz Pondé, na Folha, está um descritivo muito bom de nosso tempo de baratas tontas ansiando por sucesso e fama: " virtudes são raras, a covardia impera, as competências são escassas, a inveja corrói, o mercado mata e - essa é uma pérola - SEMPRE APARECE ALGUÉM MELHOR QUE VOCÊ.

No cinema brasileiro, ao qual tenho até o momento que me contentar, o MELHOR que aparece requer sotaque carioca - ainda que feito a 30km de Manaus; atores novíssimos, de preferência com programa no GNT ou no Canal Brasil e frequentadores das festas certas com as roupas certas, de bons bairros paulistas ou da zona sul carioca. Moramos longe, pena que não dá pra ir nessas festas. Pareço um velho ressentido, em lamúrias... mas se a verdade está do lado da mídia, tenho a ela mesma pra não me deixar mentir.

Tenho um roteiro ótimo - não resta dúvida - começo a levantar dinheiro mas já tenho a garantia de que o filme se restringirá às salas de universidades e festivais alternativos que lidam com filmes exóticos de nichos periféricos, uma vez que Erika Mader, Caio Blat e outros pimpolhos cremosos da via láctea sudestina tem agendas lotadas e não vão se deslocar para uma cidade quente, de gente feia por um cachê "simbólico". O jeito é fazer como meu amigo Heraldo que, num golpe de grande oportunidade e sorte, conseguiu o Chico Diaz para fazer seu vídeo em Manaus. Acho salutar, garantia, no Brasil, de conquista de prêmios e platéias país afora. Vou agora ficar de olho, ver a agenda do Teatro Amazonas, o primeiro global que vier eu o cerco com meu charme e perseverança. Pareço um velho despeitado?

Não quero abandonar essa cachaça, fazer cinema é muito bom, mas é que nem fazer teatro na década de 70: ou voce aposta fichas sacrificadoras de sua vida, que lhe deixam magro e sem dentes, ou voce, esperto, vira empresário para depois dos 40 voltar a ser adolescente.